sábado, 4 de abril de 2015

Sonho Que Se Sonha Junto

4 de abril de 1968. Há exatos 48 anos, morria Martin Luther King Jr.
Em sua época, Martin mobilizou milhares de negros a lutarem – de forma pacífica- por direitos civis. Como se sabe, Martin tinha um sonho, porém, quase 50 anos após a sua morte, esse sonho ainda parece longe de se concretizar.

Tivemos avanços legislativos, não há dúvidas, mas a luta ainda não acabou. Em verdade, a luta apenas começou. Em um mundo onde, a depender da região, pessoas tem 5 vezes mais chances de morrer apenas pela cor da pele, é preciso muito mais luta. É preciso lutar pelo Direito de sobreviver. É preciso lutar pelo Direito de existir. É preciso lutar, porque não conseguimos respirar.

Na cidade de Ferguson, Mo- EUA, a mobilização tomou as ruas. Pessoas reivindicam por justiça, exaustas de verem seus pais, irmãos, vizinhos e colegas, sendo humilhados e por vezes assassinados de forma impune.

No Brasil, situação é ainda mais preocupante. Enquanto destilamos nossos ódios e preconceitos entre bater panelas e xingar o beijo da novela, a juventude negra do país é exterminada dia após dia. A grande quantidade de negros mortos se banalizou ao ponto gerar uma indiferença assustadora. Pior que a indiferença das pessoas, somente a torpe tentativa de justificar e associar tais mortes à criminalidade. Fosse verdade, não teríamos mais crimes e garotos de 10 anos como Eduardo de Jesus ainda estariam vivos. Exagero? Dados da Anistia Internacional indicam que 77% dos jovens assassinados no Brasil são negros. Em última análise, ser jovem negro no Brasil é correr risco de extinção.

A violência é apenas um reflexo. Mesmo com uma população onde 51% das pessoas são negras, a falta de representação desse grupo em todas as esferas da sociedade é latente. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições do ano de 2014 entre os 513 deputados federais eleitos, apenas 22 se declararam negros. Ademais, nenhum dos governadores e senadores eleitos em 2014 se declarou negro. Diante dos números é possível depreender que a eleição do primeiro presidente negro pode demorar um pouco mais do que o imaginado.

Nas universidades de ponta o número de negros (alunos e professores) é pífio, nas novelas e filmes, negros dificilmente aparecem em posições de destaque. Com uma representação quase inexistente, mais mortes e dificuldade de acesso à educação e saúde, os casos de racismo apenas são noticiados quando os esportistas são o alvo.

Há 52 nos atrás, Martin revelava ao mundo seu sonho. Sonhava com um mundo onde pessoas não fossem julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Assim com Martin, tenho o mesmo sonho. Mas por enquanto, falta muito para se tornar realidade.

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