Chego em casa, as luzes estão apagadas, por uma porta entreaberta passa um feixe de luz, me aproximo vagarosamente, ouço um burburinho, risadas. Finalmente chego à porta, vejo que o fraco caminho de luz vem da televisão, as risadas exageradas me fazem, por um instante, pensar que há uma comédia na programação, como aquelas que tanto figuram aos sábados à noite. Porém, para meu espanto - e desespero -, não se tratava de um show de humor, mas sim de propaganda eleitoral gratuita.
No dia seguinte o assunto não poderia ser outro, dezenas, milhares de pessoas, em todos os lugares gesticulavam e repetiam as frases dos mais exóticos candidatos, porém nenhuma delas estava realmente brava, na verdade se divertiam, e continuavam as imitações como se contassem uma boa piada para descontrair a tensão do dia-a-dia.
Nesse instante percebi que minha primeira impressão, que por descuido tive na noite anterior, estava na completamente certa! Era sim um show de humor, e dos bons, daqueles que satirizam o público e ainda assim conquistam sua simpatia.
Mais alguns dias se passaram e enfim, compreendi o que estava ocorrendo. Durante a semana havia sido alegado que humoristas não poderiam fazer piadas sobre políticos, aí estava a resposta: Os candidatos os proibiram porque não queriam concorrência em seu show de humor, que tinha como prêmio uma vaga em um grande circo chamado Brasília.
Fellipe Sousa